sábado, 27 de setembro de 2008

Y se pasó un año...


Foi há precisamente um ano que peguei em malas e bagagens e rumei a caminho de Santiago de Compostela.
Não fui a pé, mas a emoção que me acompanhava poderia assemelhar-se à de um peregrino, não de caminhos religiosos, mas da vida.

Hoje, depois de ter regressado já há uns bons meses, as saudades são muitas, muito da cidade, mas especialmente das pessoas, e dos momentos por lá vividos com elas.
Às vezes ainda me vem à mente imagens das ruas, dos prédios, dos monumentos, dos amigos. De acontecimentos muito particulares que tornaram cada local ainda mais especial, e que preencheram cada episódio.

Foram os Botellons, com as milhentas pessoas que traziam toda uma panóplia de bebidas alcoólicas (compradas a bom preço no Carrefour), com as quais se podiam fazer boas mesclas.

Foram as copas, as cañas, os kalimoshos, os licores de orujo.

Foram os croissants de chocolate, mistos, simples, às tantas da madrugada, quando regressavamos, de uma qualquer ronda nocturna, à nossa casita minúscula, que não fazia pandan com a fachada monumental do prédio.

Foram as tapas, o chocolate com churros, os caprichos de Santiago, os magustos (depois admira-se que regressa gorda...).

Foi a siesta que desregulava o horário trazido da santa terrinha.

Foi a Catedral e a missa do peregrino que me converteu em religiosa devota (pelos menos durante os minutos em que comunguei).

Foi a Praza do Obradoiro e o canto de parabéns pela Tuna de Derecho, as preguiças ao sol e o eclipse lunar.


Foi o Bonaval e a sua relva verdemente fresca que acolhia lindos pôr-de-sóis.

Foram as crianças espanholas, saídas de autênticas revistas de moda infantil ou de montras das lojas de roupa de criança, com sapatinhos de verniz, meias até aos joelhos com pompons, calções ou saia (dependendo do sexo da criaturazinha) de xadrez, camisa branca, casaco de malha, e lacinho de cetim no cabelo.

Foram as espanholas, que perpectuam o asseio e impecabilidade ensinado na infância, andando sempre bem arranjadinhas de dia, com as últimas modas da Berska, Stradivarius, Mango, etc, e atingindo à noite o topo do arranjo: é só ver saltos altos, mini-saias, e uma boa maquilhagem, nada é descurado nem esquecido.

Foram os espanhóis, que me fizeram passar a olhar para todo o espanhol e colocar a hipótese se ele não será gay, e que nos faz pensar onde está o macho latino espanhol, estilo António Banderas?!

Foi o galego, língua similar ao português do interior, fechado, e com um acento especial no "s", fazendo lembrar os parolos da aldeia, mas que constitui um grande orgulho para os membros desse "país".

Foi a vizinha que se via da janela do quarto na sua rotina diária, envergando o seu fato de treino azul, sentada na sua cadeirinha, junto à mesinha com o candeeiro e as suas palavras-cruzadas.

Foi a vizinha que se ouvia alto e bom som em gritos, berros e gemidos nocturnos (às vezes também matutinos ou até vespertinos), que acordavam a vizinhança, que acabava, por sua vez, por berrar ainda mais alto "Cállate perra!".

Foi a colega de casa, que quando decidia vestir o papel de fada do lar e tentava cozinhar, conseguia simultaneamente fazer simulação de incêndio; ou que, distraída como só ela, fechava a porta do quarto, com as chaves por dentro, e se lembrava de utilizar facas alheias para abrir a dita cuja porta, não obtendo (logicamente) êxito com essa tentativa.

Foram os amigos músicos que embalavam os serões em reggaes brasileiramente animados, acompanhados por narguil de mentol.

Foram as amigas cariñosas companheiras de passeios, viagens e noitadas.

Foram as despedidas dolorosas, as trocas de lembranças, e as promessas de visitas.

Foram...e sempre serão, dos melhores momentos jamais vividos.

Santiago...hasta loguiño!

3 comentários:

Little SuS disse...

Ai!! Nuestro Santiaguiño!!!~

Que bons momentos se passaram.... que saudades de todos, do ruidos dos espanhois, da pronuncia galega, daquelas festas sp com musica espanhola, dos bres, das ruas, dos peregrinos, dos botellons....

Ai saudade...

Ana Margarida disse...

Hola!

Saudades! (em português... porque não as há em outras linguas!)

às fanecas!!
aos botellóns!!
aos ovos podres!!
à gaita de foles!!
ao solinho na praça do obradoiro!!
ao jantar dos tugas que nos receberam muito bem!!
aos peregrinos!!
aos Galegos, em Portugal mais conhecidos por labregos... (maneira esquesita de falar....) eheheh !!
aos amigos que se fizeram!!
à xoiba!!
à companhia nas viagens!!
às golosinas irresistiveis!!
às tapas!!

não vai nada nada nada???
TUDO!!

Vivamos como galegos!

Beijos
Ana Margarida

Anónimo disse...
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